Hipster ou mendigo?


 
Tradução:
O Mendigo usa
barba
cardigã
jeans surrados
(carrega uma revista de bairro)
O hipster usa
barba “irônica”
cardigã de grife
jeans novos com efeito surrado
(carrega um iPod ou ipad)
Como interpretar
O que os “donos” da moda dirão:
1 – É tudo uma questão de ponto de vista e de inspiração
2 – Trata-se de uma versão sofisticada do “estilo das ruas”
3 – A ideia não é ridicularizar os mendigos, mas se inspirar numa certa forma “desencanada” de encarar a moda
4 – Embora os looks sejam idênticos, os materiais usados na roupa do hipster são obviamente mais nobres e, na verdade, os looks não são idênticos, são similares porque dividem uma mesma “referência”
5 – Ninguém está querendo sacanear os mendigos. Ninguém está querendo ser politicamente correto. Nem incorreto. A inspiração é “bacana”, assim, de modo neutro.
O que um fashionista sincero dirá:
1 – É uma diferença de conta bancária, basicamente
2 -  A versão não é tão sofisticada assim. Afinal, trocar o material e o corte ruins por outros melhores não é exatamente uma ideia brilhante…
3 – A ideia é brincar de ser pé-rapado e ferrado sem ter de passar por isso. Uma espécie de café descafeinado versão fashion. Ou seja, o mendigo parece estiloso e tem esse ar largado interessante (talvez seja a falta de comida, dinheiro e casa, hã? Que tal essa explicação? A colocação aqui, como a barba, é irônica…), mas ninguém quer ficar na sarjeta para entrar no modelo, correto?
4 – A pessoa fictícia 1, considerada “fora de moda” dirá: poxa, cara, mas essa roupa tá meio de mendigo. A pessoa fictícia 2, “com informação de moda”, notará a ironia da barba e dirá que a pessoa 1 é careta e preconceituosa. Uma pessoa que trabalha no banco e ganha salário mínimo provavelmente não poderá ir trabalhar com o look hipster. O herdeiro do banco ou um top publicitário, sim
5 – A moda está sempre em cima do mudo quanto a questões éticas e polêmicas. Quando uma empresa toma partido, em 99,9%  é porque essa mudança dá lucro
A dica que fica
Muitas vezes, a ironia da moda funciona, digamos, como um mini tapa-sexo estilo Carnaval para a luta de classes que se espelha na questão das roupas_ a coisa está toda ali exposta, mas, oficialmente, ninguém está mostrando nem vendo nada.

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