Agência cria mendigos 4G
Projeto piloto nos EUA transforma moradores de rua em hotspots ambulantes
A edição de 2011 do South By Southwest teve mais de duas mil apresentações musicais
O festival de música, cinema e tecnologia South By Southwest é conhecido como um dos principais celeiros de novos talentos na sempre efervescente cena cultural americana. Todos os anos dezenas de milhares de pessoas vão até Austin, no estado do Texas, para conhecer as novidades no mundo da música, do cinema e das artes digitais. Esse ano, no entanto, até os participantes mais ligados às novas tendências foram surpreendidos por um grupo de moradores de rua que, ao invés de pedir alguns trocados ou tentar vender jornais comunitários, ofereciam-se como pontos ambulantes de acesso à internet de alta velocidade. Na linguagem do pessoal ligado à tecnologia, os mendigos texanos transformaram-se em hotspots 4G, a forma mais rápida de se conectar à internet por meio de ondas de celulares.
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Na prática os moradores de rua funcionam como emissores de sinais de internet por meio de roteadores wi-fi, como aqueles tão comuns na casa das pessoas. Por US$ 2 o usuário recebe uma senha para conectar-se à rede do morador de rua e pode navegar pela internet em alta velocidade por 15 minutos por meio da rede sem fio.
Austin está servindo como o piloto do que pode se tornar um projeto muito maior. Batizada de Homeless Hotsposts (algo como ponto de acesso à Internet de moradores de rua), a iniciativa começou a funcionar neste mês de março, durante a South By Southwest. Cada morador de rua recebe US$ 20 fixos por dia e mais uma comissão por acessos vendidos.
Num primeiro momento, 12 moradores de rua estão participando da iniciativa criada pela agência de publicidade inglesa Bartle Bogle Hegarty, a BBH, que no Brasil está presente por meio da agência de propaganda NeoGamaBBH. A idéia, de acordo com a empresa, era criar uma alternativa de geração de renda para os mendigos.
Apesar de criativo, o projeto despertou polêmica no South By Southwest. A BBH foi acusada de estar se aproveitando dos mendigos para ganhar dinheiro e, claro, fazer autopromoção. “Minha primeira reação também foi essa”, afirmou em entrevista ao jornal Wall Street Journal Mitchell Gibs. diretor de desenvolvimento do Centro de Atendimento aos moradores de rua de Austin. “Mas depois percebi que poderia ser uma importante iniciativa”.
Dusty White, um dos moradores de rua que se transformou em um hotspot ambulante concorda com Gibs. “Isso me fez sentir com energia e positivo”, disse ele ao Wall Street Journal. “Nós somos moradores de rua, queremos voltar a trabalhar e esse projeto está nos dando essa oportunidade”.
A BBH ainda não definiu se dará continuidade ao projeto e onde ele será implantado.
Fonte: ig São Paulo
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